Complexo de Camaçari abre nova fase da indústria automotiva nacional com produção local do Dolphin Mini, Song Pro e King, e expectativa de movimentar a economia regional
A indústria automotiva brasileira vive um momento importante: após o encerramento das atividades da Ford como produtora local (e do Brasil) em 2021, em 2023, a BYD anunciou a compra da unidade fabril da marca do oval azul em Camaçari (BA) para tornar o local seu ponto de partida para a produção de eletrificados na América do Sul.
Com investimento de R$ 5,5 bilhões, a unidade promete ir muito além de uma simples linha de produção: representa também a chegada da maior fábrica da BYD fora da Ásia.
Com grande festa, a montadora chinesa começou a montar, em caráter experimental, os primeiros modelos Dolphin Mini, Song Pro e King em solo baiano. É o início de uma operação que deve gerar, só nos próximos meses, mais de 3 mil vagas de emprego, criando expectativa de transformação para Camaçari e todo o entorno metropolitano de Salvador.
De símbolo de incerteza a polo de inovação
O terreno de 4,6 milhões de metros quadrados que agora abriga o complexo da BYD foi, até pouco tempo, sinônimo de incerteza. Quando a Ford anunciou sua saída em 2021, milhares de trabalhadores ficaram sem perspectiva. Em menos de quatro anos, a reviravolta se concretizou: a fábrica reabre as portas sob comando da BYD, trazendo de volta a esperança de crescimento econômico.

O impacto não é apenas simbólico. Com a produção nacional de carros elétricos e híbridos, a BYD coloca a Bahia como protagonista da mobilidade sustentável no Brasil e na América Latina, reforçando a vocação industrial da região e reativando a cadeia automotiva local.

Três modelos para acelerar a transição elétrica
A fábrica estreia com a montagem do Dolphin Mini, compacto 100% elétrico que se tornou best-seller em 2025 ao ser eleito Carro Urbano do Ano no World Car Awards. O modelo, que já ultrapassou 1 milhão de unidades produzidas globalmente, passa a ter fabricação local para atender ao crescimento das vendas no país.

Em paralelo, os SUVs híbridos Song Pro e o sedã King também começam a ser produzidos em Camaçari. Essa estratégia reforça a ambição da BYD em disputar mercado com marcas tradicionais não só no segmento de elétricos, mas também nos híbridos flex, alinhados ao perfil do consumidor brasileiro.

A meta da empresa é ousada: iniciar com capacidade para 150 mil veículos por ano e, em poucos anos, dobrar a produção para 300 mil unidades, consolidando o complexo como o maior centro de montagem de eletrificados do continente.



Tecnologia para virar a página da indústria nacional
Ao transformar a antiga fábrica da Ford em um dos parques industriais mais modernos do mundo, a BYD aposta em processos que misturam automação, inteligência artificial e rastreamento em tempo real de cada veículo na linha de montagem. Robôs cuidam de tarefas que vão da instalação dos vidros à fixação das baterias, enquanto um sistema de fricção silenciosa mantém os níveis de ruído abaixo de 70 decibéis, criando um ambiente mais confortável para os funcionários.
Além disso, o uso inteligente do espaço, distribuído em diferentes níveis, permite que a fábrica cresça sem precisar de novas grandes construções, otimizando investimentos e aumentando a eficiência produtiva.
Empregos e fornecedores: efeito cascata na economia regional
Desde que anunciou a instalação em Camaçari, a BYD contratou mais de mil profissionais para compor o primeiro quadro da fábrica. E as perspectivas são ainda mais animadoras: até o final do ano, outras 3 mil vagas devem ser abertas, somando empregos para engenheiros, técnicos, operadores, pessoal de logística, TI, segurança e setores administrativos.

O impacto vai além das contratações diretas. Mais de 100 empresas foram homologadas como fornecedoras da BYD, muitas delas instaladas na Bahia. Esse movimento fortalece toda a cadeia de autopeças e serviços, gera negócios para pequenas e médias empresas locais e cria um efeito cascata de renda e oportunidades em Camaçari e cidades vizinhas.
De fantasma industrial a motor de desenvolvimento
A reabertura da planta em Camaçari marca uma virada histórica para a cidade. Onde antes havia galpões vazios e incerteza, hoje se veem linhas de montagem em ritmo acelerado, contratação de profissionais e expectativa de novos serviços surgindo para atender a demanda que cresce com a chegada da fábrica.

Para o governador Jerônimo Rodrigues, a BYD resgata a confiança no potencial industrial baiano: “Estamos colocando a Bahia no centro da transição energética global, com geração de emprego e oportunidades para nosso povo”, afirmou.
Híbrido flex valoriza o etanol e adapta a tecnologia à realidade brasileira
Entre as principais apostas da BYD está o motor 1.5 DM-i híbrido flex, desenvolvido em parceria entre engenheiros brasileiros e chineses. Capaz de rodar com gasolina ou etanol — combustível que faz parte da matriz energética do Brasil há mais de quatro décadas —, o propulsor combina a eficiência dos motores elétricos com a versatilidade do etanol, considerado combustível de baixo carbono.
Essa estratégia aproxima a BYD do consumidor que busca um carro alinhado às necessidades do dia a dia e ainda reforça o papel do Brasil como líder global em bioenergia.
Concorrência ainda patina na produção local
A chegada dos modelos montados no Brasil coloca a BYD em vantagem sobre rivais que ainda dependem exclusivamente da importação para oferecer elétricos ou híbridos, como Renault e JAC. Enquanto concorrentes lidam com custos elevados de logística e impostos, a produção nacional garante preços mais competitivos, maior disponibilidade de peças e menor exposição a oscilações cambiais — pontos decisivos para o consumidor na hora de escolher um modelo.
Infraestrutura de recarga: gargalo que começa a ser superado
Mesmo com crescimento expressivo nas vendas de elétricos, a infraestrutura de recarga segue como principal desafio para a popularização desses modelos. A BYD e parceiros públicos e privados têm investido em novos pontos de recarga em shoppings, concessionárias e postos, mas a oferta ainda está longe de atender plenamente à demanda.
A previsão, segundo especialistas, é de que o número de carregadores públicos quintuplicará até 2027, aliviando o receio dos motoristas com a autonomia dos veículos e ajudando a consolidar o mercado de elétricos no país.
InstaCarro: segurança na venda do usado em meio à transição elétrica
A mudança no perfil de compra dos brasileiros, impulsionada pela chegada de modelos elétricos e híbridos acessíveis, aumenta a procura por opções seguras para vender ou trocar o carro atual. A InstaCarro surge como solução para quem quer evitar burocracia e ter pagamento rápido, oferecendo laudo técnico, avaliação justa e negociação transparente — pontos cruciais para não perder dinheiro na hora de atualizar a garagem para um carro eletrificado.
Rede em expansão e meta de liderança absoluta
Com mais de 180 concessionárias espalhadas pelo país, a BYD se consolida como a marca que mais vende elétricos no Brasil, com 90% das unidades 100% elétricas emplacadas no país em maio de 2025. A meta é chegar a 240 pontos de venda até o fim do ano que vem, fortalecendo a capilaridade e garantindo que os novos modelos cheguem com facilidade a todas as regiões.